quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Tarde com Sol (Nuno Júdice)

As coisas simples dizem-se depressa ; tão depressa
que nem conseguimos que as ouçam.
As coisas simples murmuram-se; um murmúrio
tão baixo que não chega aos ouvidos de ninguém.
As coisas simples escorrem pela prateleirada loja;
tão ao de leve que ninguém as compra.
As coisas simples flutuam como vento;
tão alto, que não se vêm.
São assim as coisas simples: tão simples
como o sol que bate nos teus olhos, para
que os feches, e as coisas simples passem
como sombra sobre as tuas pálpebras.

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