domingo, 28 de fevereiro de 2010

Provação ? (Deise de Macedo)


Existem pessoas que chegam somente para semear amargor, infelizmente me deparo com pessoas deste tipo. Provação ? Quem sabe... Não que eu seja correta, acredito que se eu fosse estaria em outra esfera, pior e ter que ver estas pessoas e ter algum tipo de contato, é muito dolorido para minha alma. Alguns procedimentos delas acabam por me levar a cometer atos impensados e fora do meu eixo, mas faz parte e os desafios vão acontecendo. Em algumas leituras espíritas tive a informação que estamos aqui na terra mas em nivel de evolução diferente. Em baixo ou em cima, de um lado ou de outro, estamos todos no mesmo plano e temos que ir levando, para nossa evolução a caminho da luz.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Lágrimas Ocultas (Florbela Espanca)

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Miguel Sousa Tavares

“... E de novo acredito
que nada do que é importante
se perde verdadeiramente.
Apenas nos iludimos,
julgando ser donos das coisas,
dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos
os mortos que amei,
todos os amigos que se afastaram,
todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão
de que tudo podia ser meu para sempre."

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Chove (Fernando Pessoa)

Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Da tua ausência (Graça Pires)

Voltarei sempre às paisagens da tua sombra
enfeitada de madressilvas.
Gravarei o teu nome em todas as árvores,
sem marginalizar as razões da tua ausência.
Cantarei palavras sem espessura,
como moinhos de vento,
ou o frágil sabor da chuva.
Dançarei contigo na periferia da manhã
e direi onde começa e acaba
o secreto destino do silêncio.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Quando eu for embora... (Deise de Macedo)


Quando eu for embora, quero partir ao som de um violino,
numa noite fresca, num sopro de brisa, a lua tem que estar
no centro do céu pairada e muito brilhante.
Quando eu for embora, quero partir suavemente,
como um pluma ao vento, num vestido leve e branco,
tocando de leve meu corpo.
Quando eu for embora, quero partir ao longe, para voar
pelas montanhas verdes junto aos pássaros,
ver a chuva descer das nuvens e cair na terra.
Quando eu for embora, quero partir ao infinito,
ver jardins floridos multicores, arco iris nas planícieis,
flutuar em campos onde só persiste a verdadeira natureza.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Graça Pires

Perturbada pelo desacato das emoções,
utilizo um roteiro de artifícios para simular,
em cada madrugada, a cumplicidade dos deuses.
Mas, como silenciar as mãos que dobrama
brisa da manhã, no vórtice do tempo?
Não iludo a distância.
É devagar que olho para trás, à procura de mim.
Cada vinco do rosto, é um caminho onde
a angústia se deteve.

Tarde com Sol (Nuno Júdice)

As coisas simples dizem-se depressa ; tão depressa
que nem conseguimos que as ouçam.
As coisas simples murmuram-se; um murmúrio
tão baixo que não chega aos ouvidos de ninguém.
As coisas simples escorrem pela prateleirada loja;
tão ao de leve que ninguém as compra.
As coisas simples flutuam como vento;
tão alto, que não se vêm.
São assim as coisas simples: tão simples
como o sol que bate nos teus olhos, para
que os feches, e as coisas simples passem
como sombra sobre as tuas pálpebras.

Vazio (Miguel Torga)

Todo o mar nos meus olhos, e não basta! Enche-nos mais uma lágrima furtiva ... Neste banquete azul, há um só conviva Farto e feliz. É o céu, que se debruça sobre as ondas Sem amargura. É ele, que não procura Por detrás da verdade outra verdade. Serenamente, lá da eternidade, Bebe e come A imagem refletida do seu nome.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Sob a luz que me guia (Cida Luz)

Sob a Luz que me guia
vou encontrando meu caminho...
A cada passo espalho vestígios de esperança
para que não se percam os que me seguem.
Um sentimento renovado, certezado porvir abençoado.
Solto meu riso sem medo de ser feliz...
Acredito na força do meu coração e na fé
de quem estende-me docemente a mão.
Sob a luz que me guia, absorvo cada cura...
Cada energia que transforma, restaura meu ser.
Desarmada do egoísmo de permanecer na solidão,
Abro meu mundo, escancaro meu jeito de viver...
Abraço com fervor meus temores,afasto invejas,
destruo o pessimismo e renasço Iluminada, preparada...
Desejando-me boa sorte...
Sob a luz que me guia!...

Eu (Florbela Espanca)

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida…
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!…
Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Querer (Pablo Neruda)

Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.

Luís Fernando Veríssimo



" Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,
vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu. "