domingo, 27 de junho de 2010

Espírito Protetor (Machado de Carlos)

Ela vem com singular alegria! Espalha suas rosas ao amanhecer!... Enriquece, sem tributos, meu ser, com a voz afetuosa de um bom-dia! - De onde vem, anjo, cheio de melodia?! - Teu verbo harmoniza o meu viver! Quando a jornada chega ao anoitecer, Ela vem e abençoa o fim do meu dia!... À noite, ela volta, e parte pro além!... Será o sorriso de mais alguém... Que ainda não tem a luta por vencida. Outro dia!... Vou atrás da felicidade Procuro, de novo, a sua bondade!... - Donde vem esta alma tão querida?!...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Amor e seu tempo (Carlos Drumond de Andrade)

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Cântico de Lívia ( Emmanuel/Chico Xavier)

Alma gêmea de minha alma flor de luz
de minha vida sublime estrela caida das belezas
da amplidão quando eu errava no mundo...
Triste e só, no meu caminho, chegaste,
devagarinho, e encheste-me o coração.
Vinhas na benção das flores da divina
claridade, tecer-me a felicidade
em sorrisos de esplendor!
És meu tesouro infinito.
Juro-te eterna aliança.
Porque sou tua esperança,
como és todo meu amor!!
Alma gêmea de minha alma
se eu te perder algum dia...
Serei tua escura agonia, da
saudade nos seus véus...
Se um dia me abandonares
luz terna dos meus amores,
hei de esperar-te, entre as flores
da claridade dos céus.

sábado, 19 de junho de 2010

Poema de Boca Fechada (José Saramago)

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça
Calado estou, calado ficarei
Pois que a língua que falo é de outra raça
Palavras consumidas se acumulam
Se represam, cisterna de águas mortas
Ácidas mágoas em limos transformadas
Vaza de fundo em que há raízes tortas
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas
Nem só animais bóiam, mortos, medos
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos
Só direi
Crispadamente recolhido e mudo
Que quem se cala quando me calei

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ouvir estrelas (Olavo Bilac)

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?
"E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

domingo, 13 de junho de 2010

Mensagem a um desconhecido (Cecília Meireles 1956)

Teu bom pensamento longínquo me emociona.
Tu, que apenas me leste,
acreditaste em mim, e me entendeste profundamente.
Isso me consola dos que me viram,
a quem mostrei toda a minha alma,
e continuaram ignorantes de tudo que sou,
como se nunca me tivessem encontrado.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mensagem (Olegário Mariano)

Na última nuvem, quando morre o dia,
mando-te um sopro do meu pensamento
e vou seguindo a nuvem fugidia
nas linhas curvas do seu movimento.
Cai a noite e com ela mais se amplia
o horror deste infinito isolamento
o vento grita pela noite fria
mas nada exprime a longa voz do vento.
Nada dizem as folhas da ramada
não mais me encanta o eterno gorgolejo
da água que corre... A noite não diz nada.
Surge uma estrela e eu sinto, ao surpreendê-la
que mandas a mensagem do teu beijo
nessa pequena e solitária estrela.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Talvez (Pablo Neruda)

Talvez não ser, é ser sem que tu sejas, sem que vás cortando o meio dia com uma flor azul,
sem que caminhes mais tarde pela névoa e pelos tijolos, sem essa luz que levas na mão que, talvez, outros não verão dourada, que talvez ninguém soube que crescia como a origem vermelha da rosa, sem que sejas, enfim, sem que viesses brusca, incitante conhecer a minha vida, rajada de roseira, trigo do vento,
E desde então, sou porque tu és E desde então és sou e somos... E por amor Serei... Serás...Seremos...

domingo, 6 de junho de 2010

Fantasia (Gilson Pontes)


Quero pintar um quadro
com as cores do arco-íris
um sol nascente
um lar e meus amigos
um rio, uma casa de sapê
muitos pássaros a voar
montanhas , relvas,
verdes caminhos,
trilhas onde brotem a fé
Quero um quadro: de paz
com cheiro de mato e
surpreso entre olhares espreito.

sábado, 5 de junho de 2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Um dia distante (Deise de Macedo)






Um dia distante em um lugar que era só natureza
vi um coelho a correr pela grama alta, tão branquinho
que parecia algodão, sumiu discretamente sem que
eu pudesse sentir se era real.
Como ele foram muitos sonhos e devaneios
de minha vida, momentos significativos que ficaram
gravados nas minhas recordações da mocidade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O que faz bem (Marta Peres)

O que faz bem ao coração
é o sorriso largo, emoção
vigilante, coração atento
ao amor! E medo não sinto.
Sinto a alegria em cada dia,
busco novas aventuras
deixo soprar os ventos do sul,
em mim desperta a luz!
São sonhos de ventura,
juras e promessas
sei, um dia acontecerão!
Você novamente me dará a mão.
E as palavras ditas com amor
se fortalecerão, serão transformadas
na mais doce realidade, e o coração
a sorrir dançará a Valsa do Lago Azul !