domingo, 27 de julho de 2014

Sophia de Mello Breyner Andresen


Mar, metade da minha alma é feita de maresia
Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.


E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

Um comentário :

  1. Deixei minha alma divagar por caminhos cheios de luz,
    embalei sentimento por tanto tempo que esqueci de mim, no som da melodia,
    Parabens!! adorei o passeio, grande abraço.

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