quinta-feira, 11 de julho de 2013

Horizonte da Infância (Afonso Estebanez)


Construo um navio com nuvens da infância
e meu sonho navega num céu de saudade.
O sol colhendo amoras no sítio da alvorada
um velho engenho recendente da garapa
jorrando da moenda de aroeira adocicada.

As batidas inocentes pelos clarões do céu
e as colinas de assa-peixes floreando paz.
As quaresmeiras roxas, os ipês frondosos
a sombria constância das estradas baldias
os capoeirões dos carrancudos cambarás.

O canto triste dos carros-de-boi cá dentro
do meu peito onde escuto bater a solidão
das porteiras dos apriscos de minha alma
de plantão no abismo da doce melancolia
que assiste o fazendeiro do meu coração.

Construo um navio com nuvens da infância
e meu sonho navega num céu de saudade.
Do murmúrio infantil das águas cristalinas
do crepúsculo nas calmarias do horizonte
por onde fluem os ribeirões da liberdade.


2 comentários :

  1. Gratíssimo, Margô!... pela criação deste belíssimo blog de sonhos que se transformam em realidade... se sentimos ternura em cada momento em que o conectamos, é por causa da sua energia que se materializa em nossos sentidos despertados pela sensibilidade de sua magia, palpável como num toque de amor. Ou é a minha gratidão que aflora em forma de matéria depurada até o seu grau de etérea quintessência... como são os poemas de teus anjos invisíveis... Anjos que te embalam nos sonhos como na vida! Afonso Estebanez.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É muito bom ler o que escrevestes... Lindo demais.
      Que Deus ilumine sempre seus caminhos e suas belas palavras.
      Beijos na alma.
      Deise de Macedo.

      Excluir